Não sou de dar ouvidos aos pobres coitados
Existe uma postagem que leva o nome de “what women don’t understand about men” e eu não gostei do que foi escrito.
homens são os verdadeiros chorões. eles não conseguem sentir, senão avistarem com seus sensos robóticos, uma lágrima que cai pela bochecha. precisam nomea-la, precisam analisá-la microscopicamente. o que a lágrima representa matematicamente?
mesmo assim, são as almas que mais definham no corpo de lata, em escassez de um coração. os homens são os verdadeiros chorões.
os homens conseguiram pisar na lua, tão distante, flutuante no breu, terra a fora. mesmo assim, os homens pouco entendem o que o cérebro quer dizer quando entra num transe. o filme do homem pausa e ele diz que é assim que funciona desde jovem. mesmo se sua justificativa for verdadeira ou não, não importa; porque o homem voltará a lamentar incansavelmente.
os dentes de um garfinho são as barras da jaula. o homem está preso na autopiedade.
cientificamente, eles pensam de menos, esforçam-se de menos, dividem de menos e, socialmente, falam de mais. o homem quer ter a primeira e última palavra. de paletó, ele estende como um palito de dente, em frente ao pódio do palestrante.
estou cansada de tanta explicação! o homem quer racionalizar porquê sente o que sente, porquê veste o que veste e porquê se porta como se porta; mas o homem nunca se importa com o próximo, de fato, e essa é a característica masculina mais cansativa de todas!
os homens são muito cansativos. acham que podem intimidar, entrelaçar os dedos grossos no meu pescoço e, entredentes, me dizer o quão feia estou. ele assiste meu rosto empalidecer.
os homens acham que podem tentar tomar meu prato das minhas mãos, sem levar dois tapas nas suas. e então, se vão, todos corcundas. eles atiram o garfo ao chão. não estou sendo metafórica. os homens exigem espaço! um baita de um espação! marcam território mijando na minha perna à mesa do bar; os homens querem arrotar barulhento; bocejar ás alturas; os homens querem peidar em qualquer lugar, a qualquer momento. a elegância masculina é uma falcatrua. o homem quer onde pisa, lambido e, se seu desejo não for atendido, a culpa é totalmente sua! agora fique nua, pelo amor de Deus! se você vê erro em minhas palavras, que não me acuse com outras que são chulas. sou o homem da casa e seu desrespeito me arrepia a nuca! não fale que sou violento, senão choro e minha mãe escuta!
os homens sabem que podem não tomar banho, pois terão as portas abertas - seja o código de etiqueta em questão. eles, sim, são muito folgados, muito caretas e um bando de sem noção.
nunca vi nem virginiano que fosse tão atormentado pelo erro quanto um homem que erra. o homem que erra quer justificar, explicar, estender, calcular, “te fazer ver”. o homem erra, soluça por estar errado e engasga quando é corrigido. o homem é mesmo um bicho muito fingido! ele diz isso das mulheres, mas porque tem medo de acusar seus iguais e terminar o dia marcado com ferro tal qual um animal. putinha, cospe o boçal.
homens gostam de fazer birra e, por isso, preferem não trocar as fraldas dos filhos; estão na mesma situação. e cuidado porque os homens não gostam de quem diz Não! eu exijo respeito! exijo dois assentos no trem para espalhar meus joelhos!
quando estou na cozinha, misturando com a colher de pau, o homem me pergunta O que está cozinhando para nós, meu bem? meu ódio sobe a nuca e arrepia meus cabelos. eu queria que os homens não debochassem de como fomos submetidas a eterna servidão. olho para a minha mãe, escondendo o rosto vermelho e úmido. a pele deve estar muito quente porque é como ela fica quando tento engolir o choro. em vez de lágrimas de água, a dor pega fogo na minha cabeça.
minha mãe, sentada à mesa do café. eu vejo meu destino em sua posição: ela se ajoelha para limpar a imundice do homem; para ele, ela cozinha nas mesmas panelas todos os dias; ela põe suas roupas do trabalho no varal; se estiver amassada, a roupa social, a culpa é da serva que não se deu o trabalho, um tão superficial! o homem trabalha como condenado o dia todo. quando tem um bocado de tempo livre, usa para encher o saco. o homem não contribui. ele prefere ser incompetente, mas como podem ser tão fracos em casa sendo que portam grandes mentes?
para o homem, o bom é ter a cabeça de argila para não sofrer com exigências. não é um problema, ele será levado a sério mesmo se vestido e lacinho na cabeça.
o tempo do homem vale mais. vejo pelo seu relógio de pulso e pelo tênis de correr nos pés. o tempo do homem é mais curto. ele precisa gozar mais rápido, naturalmente.
o homem me incomoda com sua altura e com as palavras de baixa estatura. ele diz que existem aquelas merecedoras de boas palmadas, com a bunda nua!
ele não é essencialmente mau, mas eu odeio o homem. odeio o homem e quando ele chora.
que inferno vem sendo conviver com homens tão carentes, tão patéticos, tão honrados pela masculinidade! em meus sonhos, inferiorizo o homem. quando acordo, estou debaixo daqueles braços brancos e pesados. eu peço a Deus para que eles não me esmaguem, mas fazer isso é como pedir à gravidade que não me empurre para baixo.
eles nunca me deixam esquivar desse sufoco. eu queria que os homens não fossem assim. eu queria que os homens nos amassem, assim, eu os amaria puramente. mas a vida segue o caminho contrário, salgadamente: eu odeio os homens e seus textos chorosos. não sinto pena do homem que sofre por amor. não sinto pena do homem porque ele, mesmo de joelhos, consegue se sustentar para manter a própria sombra sobre a minha figura. eu odeio que o homem, para conhecer a si mesmo, precisa pendurar um quadro de si por todos os trópicos e centralizar-se entre os hemisférios. eu odeio o homem!
ele reclama de tudo o que escrevo. ele reclama do meu não-desejo, da minha insignificância e, então, da minha opinião ousada demais para alguém tão pequeno. ele reclama do quanto eu bebo - seja muito, seja menos.
o homem diz que vende joias, mas em suas vitrines, expõe biju. o homem diz que vende cristais energizados, mas tudo o que vejo é plástico azul.
eu odeio o homem porque ele me faz chorar, e odiarei ainda mais o homem que me vier consolar! odeio o quanto seu sorriso é opressor. odeio o homem e toda essa dor de odiar. eu queria que o homem confiasse no que a mulher vier a pensar, mas quanto mais burra for, melhor para você será.
o homem gosta de ter a mulher suspensa no ar, segurando firmemente o parapeito, à beira de um lindo rochedo cinza. ele gosta de deixa-la suando as palmas para ouvi-la gemer, grunhir e chiar. o homem gosta de ver as veias dos braços da mulher saltando e gosta de quando ela demanda ajuda. ele gosta da impotência daquele comando.